quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Alienação Pensante


Tem dias que acordo com a face virada pro mundo.
Ter que ter um compromisso diário pela mudança dos hábitos do povo é extremamente cansativo. As vezes me pergunto porque me empenho tanto em querer que as coisas aconteçam de modo correto.
Queria mesmo era não ter que me preocupar com nada, ser alienado extremo das mazelas do mundo, não me questionar o que faço pra fazer da vida uma grande corrida pela solidariedade.
Ontem refleti sobre um pensamento que ouvi, claro que já havia meditado sobre isso muitas vezes mas é sempre bom fazer uma releitura sobre minhas convicções. Não acho que honestidade tenha que ser vangloriada, acho que ser bom é algo natural, inerente as pessoas de bem, e também penso naquele velho clichê que diz que se deve tratar o outro como gostaríamos de ser tratados.
Se clichês fossem levados a sério o pensamento coletivo seria outro.
Só por hoje queria não me importar com nada, mergulhar na ignorância das idéias e se possível nem pensar.
Mas é um ato extremamente difícil, já que pensar em não pensar já é pensar, queria deixar um poesia de uma poetisa capixaba que adoro muito.

Só de Sacanagem

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro.

Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”.

Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar!

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão:
“É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!”

Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!

(Elisa Lucinda)

#Nem Fé Nem Santo - Mallu Magalhães

4 comentários:

Bru disse...

querer mudar as coisas é praticamente inutil, ninguém de ouve e ninguém te ajuda ;/
Uma bela poesiia *-*
Otima quarto
beeijo

T R L ☼ disse...

Não se importe, dê ousadia pressa vida nao! haha
Quando li agora fiquei lembrando da cara da Ana Carolina! haha ela declama otimo!
E Mallu ai no final oooouuunnn *-*

Jân Bispo disse...

Já havia lido a poesia antes, mas ela tomou um significado bem difrente depois do seu desabafo crônico, acho que todos nós acordamos uma dia assim, querendo não vê as verdades do nosso mundo, e nos isolar no nosso mundinho particular e deixar que só coisas boas cheguem o que é impossivel, mas suas forma de descrever tal vontade é animadora, e como vc mesmo disse se os clichês fossem levados a sério muita coisa realmente seria melhor nesses ditos seres humanos! perfeito, abraço!

J.Magalhaes disse...

Apenas viva. E seja quem você é, e sempre será. :)